Entre milhões de passantes, poucos erguem a cabeça. Há quem erga e,
ainda assim, continue olhando para o chão. Como uma estrela cadente, um rosto
familiar foi visto entre muitos na pressa de São Paulo. Era um retrato em
moldura alterada: as frontes grisalhas denotavam mais tempo do que se havia
notado. Mais estranho que isso foi perceber aqueles olhos sem o brilho da
infância, sem o sorriso entusiasmado que marcou o rosto no álbum escolar.
E se... ao contrário, ele se lembrasse... e sorrisse!
E se ele reparasse que outras frontes também se acinzentaram no tempo;
se percebesse nos meus olhos um vazio? Talvez qualquer pergunta banal colocasse
meu mundo a perder.
Segundos se passaram. A estrela se foi sem sequer um desejo. Voltou a
ser uma lembrança. Um sorriso engolido a seco, apagado, perdido no meio
da multidão.
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