Sentada, olhou a rua e suspirou.
Quem passava logo era cativado por aquele silêncio. Um olhar que
ninguém tinha certeza se era atento ou displicente.
Houve um momento em que ela se levantou e caminhou até bem perto
da faixa de pedestres, perto dos carros e motos que se apressavam. Por isso,
houve uma tensão: todos naquele instante, acompanhavam seus passos com medo de
que sua inocência instintiva resultasse em tragédia. Afinal, em São Paulo, todo
o mundo engole calado a poluição e o descaso; os presságios e os
atropelamentos.
Víamos os carros ignorando o sinal e alguém chegou a articular um
“não!”. Foi quando uma voz masculina discretamente chamou:
– Vidinha! Aqui...
Vidinha ergueu as orelhas e voltou-se para o homem da calçada. O
olhar dele tinha o mesmo enigma. Bastou fazer um gesto e ela retornou à posição
inicial. Sentados, os dois olhavam a rua. Calados, suspiravam – ignorados
por ela.
R. B.
Que texto lindo... tomei a liberdade te cola-lo claro com os devidos créditos no meu Tumblr http://gersonroldo.tumblr.com/
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